Troque o calendário da parede

Peguei o calendário do ano que se foi, 2007, de Janeiro a Dezembro, folheei os meses com o desdém de quem já havia superado tudo aquilo. Alguns dias circulados com caneta, alguma anotação em letras miúdas, desenhos sem nexo nas bordas, talvez resquícios de uma conversa no telefone.
Os aniversários poderiam ser já aproveitados para a folha nova que penduraria na parede, mas outras datas circuladas não. Foram únicas. Como o dia 17 de Outubro, dia de vacinação. Ou 20 de Abril, uma prova importante. Pode calhar de neste 20 de Abril também haver uma prova, não é certo. Certo mesmo é que 16 de Maio será novamente aniversário de quem amo.
Tantos dias e olhando daquele jeito parecia que a grande maioria fora um tanto insignificante, ou melhor, comum. Um dia sem nada de extraordinário, ali, misturado aos outros, perdido numa multidão de 365. Daí bateu um aperto no peito: que fazer para tornar mais especiais meus dias? Não quero arrancar a folha de 2008 com esse nó que ata minha garganta, o aviso de que estou desperdiçando um tempo que já não é mais meu. Sim, o que quero é orgulhar-me de saber que 2008 foi bom e fiz muito nele e que faltaram dias e faltaram horas para tanta coisa. O júbilo de realização, sim, isso!
A fagulha quase apagada incendiou-me o peito, os fogos de artifício começaram a colorir o céu lá fora, ergui a folha nova que começava ali, naquele momento. Estava nascido o novo ano e veio para fazer sorrir.

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