Postagens

Mostrando postagens de abril, 2009

Na ausência de som

Ele não tinha nada a falar, seus olhos lhe bastavam. Havia também o medo, as palavras soltas no ar não voltam para a garganta e o que elas podem causar, só uma revolução pode dizer. Negava assim sua condição existencial e primária: ser humano inserido entre outros humanos numa sociedade e, a partir daí, fazer-se capaz de algo que quisesse a partir do diálogo. Os olhos lhe bastavam e ele estava bastante acostumado a olhar. Há tempos já fazia assim, olhava-a de um jeito que imaginava ninguém perceber, muito menos ela. Olhava a pele branca e tenra - imaginava -, os lábios finos, quase pálidos. Não tinha o hábito de maquilagens. Como um anjo vindo do Céu para povoar suas idéias e ilusões, ele a dislumbra e vislumbra um futuro de beijos e abraços. Ele não tinha a falar e, nessas horas, ele cantava. E a música que ele mais gostava, por ironia do destino era: Eu não sei dizer Nada por dizer Então eu escuto Se você disser Tudo o que quiser Então eu escuto Fala lá, lá, lá, lá, lá, lá. lá,

Words

Tear drops fall from the sky into my face and I can´t cry. Beauty, beauty. A beautiful beast stares me, there isn´t afraid in the dark. The dark can be warm and comfortable. I´ve been walking with losts souls trying to find my own, But a can´t find it, not outside the mirror. Daughters, mothers, fathers, they´re all running around themselves, like a mad dog chasing it own tail they waste their lives, putting on nails. Crazy words, crazy thoughts, I´ve been reading a diary if a mad man, there a saw my past and some futures. What is to come, I don´t know, but while I´m with you, nothing else matters.

Um gosto azul

As nuvens pintadas em tons de cinza iam acinzentando também a cidade, os postes, as ruas e os rostos das pessoas que começavam a acelerar o passo para escapar da chuva que se formava. A moça que lê as notícias do tempo no telejornal estava certa desta vez. Eu a ouvi falando de pancada de chuva forte à tarde ainda pela manhã, enquanto tomava um pingado e comia um pão com manteiga na chapa no boteco, antes de entrar no trabalho. Bebia o pingado e mastigava o pedaço quente de pão como se respirasse o ar: automaticamente. A sensação que tinha era de estar suspenso, já havia sentido assim várias vezes, este estado de suspensão, como se minhas pernas não pudessem me suportar e, então, eu flutuava, segurado por umas mãos ou outras forças que vinham de cima. Talvez fios muito finos e transparentes de nylon, tal qual aqueles que seguram os bonecos de pano ou de madeira, manipulados por um homem de cabeça grande e mãos habilidosas. Não sei se estava suspenso e manipulado, sei dessa sensação que