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Mostrando postagens de setembro, 2008

Ali, dobrando a esquina.

Quando chegar, que não me pegue desprevenido para que eu possa vestir uma roupa adequada e usar um perfume novo. Não pelo galanteio, só pela cerimônia . Não quero que pense de mim que deixo-me desleixado; sou assim apenas às terças-feiras, dia em que acordo muito cedo para fazer diversas atividades inúteis e mal tenho ânimo para pentear os cabelos. Que não me venha numa terça. Para causar melhor impressão, escovarei os dentes e a língua, passarei fio dental e chuparei uma bala de hortelã para deixar o hálito artificialmente refrescado. Unhas cortadas rentes à pele, o que sempre me causou aflição, mas por um bom motivo deixarei assim. Passarei graxa nos sapatos, deixando-os como no dia em que os comprei, naquela tarde acinzentada e triste, o dia chorava uma garoa fina e constante, o vento me assobiava aos ouvidos uma canção esquecida numa rádio de tempos atrás. Saí da loja, naquele dia, com a caixa de sapatos numa mão e o coração apertado na outra. Mas os dias foram se seguind

Quem entende?

- ...? - Ah, entendeu! - Quem? - Quem o quê? - Entendeu. - Como assim? - Quem entendeu? - Eu, entendeu? - Não - Agora já não sei mais. - ..., entendeu? - Sim, isso eu já sabia. - Então, agora você entendeu? - Entendeu, entendeu? - Ah, entendeu... - Entendido.

Caio F.

É com medo que escrevo para esse homem magro, de mãos grandes, cabelos ralos e que invadiu minha Vida sem qualquer pedido de permissão e transformou minhas angústias em obra de arte. Através de seu olhar sereno, olhos grandes que absorviam além do que via, o gosto do que via, o cheiro do que via, a sensação do que via e transformava em palavras que, como um barco a vela no meio de um oceano calmo e de vento constante, passeavam pelas linhas das páginas em branco para aportarem em corações solitários, confusos, desprezados, trágicos e sonhadores como o meu. Falar de quem cria, de quem tem a ousadia de criar é uma maneira vã de se sentir menor por não ter a mesma coragem e não permitir que os poros todos do corpo fiquem abertos e atentos para receber as alegrias e as dores que nem mesmo existem. Escrever é ter o sangue pulsado pelo coração do mundo, ser o próprio mundo escondido dentro de uns poucos metros de altura, por trás de uma pele que nem mesmo existe. E quando se lê aquela ver