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Mostrando postagens de agosto, 2007

Sufocamentos

A chuva escorregava pelas paredes do prédio em frente, uma pequena avalanche que desaguava na cabeça de quem passava, bem pequeno, lá embaixo. Uma tempestade estava se aproximando da cidade, os temerosos corriam pelas calçadas e embaçavam os vidros dos ônibus dirigidos com pouco prudência pelos motoristas. Era meio de tarde e a chuva não podia conter o calor abafado que me fazia transpirar levemente pelos poros. Naquele dia resolvi não trabalhar afim de organizar meus poucos pertences para a mudança que faria. Ao passo que ia retirando as coisas de armários, gavetas, estantes, menos vontade eu tinha de fazer aquilo, mas era como fugir do irremediável e do irreparável, era preciso ir contra aquela sensação fria que me dominava a cada peça embrulhada em papel de jornal e posta em caixas de papelão. Para espantar este calafrio, ia cada vez com mais freqüência até a janela, espiar a chuva e fumar. Isso acalmava um pouco. Vendo aquela chuva cair na rua suja e vendo aquele céu cinza, com

Passe graxa nas engrenagens do coração

Penso o que sou ou sou o que penso? Quase como o famoso "ser ou não ser". Os aglutinadores dias do recém- nascido século XXI estão impondo uma transformação avassaladora em nós, estamos deixando de ser humanos e estamos agindo feito máquinas. Máquinas programadas para produzir, gerar renda e , agora, preocupar-se com o meio ambiente. Estamos agindo de forma maquinal, como o pêndulo de um relógio que deve tombar de um lado para o outro a fim de fazer os ponteiros do relógio andar, temos que seguir caminhando e fazendo o que nos foi designado fazer para que o planeta Mundo não pare. Pois não pense que o que faz a Terra girar seu movimento de rotação é a gravidade, a Lei da Atração Astral ou o que mais quiser. Quem faz a Terra girar em torno do seu próprio eixo somos nós, que pensamos nisso. Então, para que a Terra continue a girar é preciso acordar cedo, ao despertar do relógio, ir ao banheiro, urinar, preparar o café, adoçá-lo e tomá-lo para que as engrenagens do corpo volte

O artista

Cada pessoa tem ou quer ter uma profissão. Às vezes, temos a sorte de desempenhar a mesma profissão que acreditamos querer, outras vezes, desempanhamos aquela que dará retorno financeiro. Encolhem os ombros para os chefes e escondem-se atrás de pilhas de papéis praticamente inúteis, o coração vai pesando e pesando, mesmo sem se perceber. O contador e o instrutor de motoristas olham pela janela do escritório e do carro, vislumbram uma vida sonhada e sentem pesar pelo presente vivido. Quem nunca se sentiu assim? Vivendo uma vida que julga não ser a escolhida? Acho que a maioria. E, por trás destes olhos secos e das bocas amargas, escondem-se paraísos, verdadeiros oásis, refúgios adornados de perfeição. Onde se é o que se quer. A mente brinca por um instante e passamos a sonhar. Nesses sonhos, em que somos o que queremos, somos todos artistas. Pintamos nosso sorriso, versamos nossas paixões, cantamos nosso júbilo. Vivemos plenos e em harmonia com tudo o que há em volta. Esses oásis po

Toca o sinal, hora de voltar à sala de aula.

Passava das sete horas da noite, o alarme tocou, ecoando pelos corredores da Universidade. Naquele momento, estava em pé ao lado do bebedouro localizado próximo à minha sala. Ao ouvir o aviso sonoro, senti as paredes de meu estômago tremerem e minhas mãos gelarem. As pessoas caminhavam para suas respectivas salas, falantes, sorridentes, alegres. Cadernos e pastas em mãos. Caminhei também para minha sala, olhei para os companheiros de turma que não prestaram atenção à minha chegada, entrertidos com conversas paralelas e em pequenos grupos circulares. Sentei-me e aguardei calado a chegada do professor. Passados poucos minutos, entra um homem de estatura média, vestia camiseta pólo listrada em amarelo e azul, calça jeans um pouco desbotadas e tênis que um dia foram brancos. Sorriu para todos e sem pedir silêncio, apresentou-se. Como se falasse para uma classe "toda ouvidos", o homem começou seu discurso inicial de boas vindas e de apresentação para os alunos que não o ouviam,

" O Segredo" é um sim.

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Engraçado como são as coisas, meus últimos posts têm sido, de forma não pensada, sobre um movimento positivo que está se consolidando em minha vida. Logo, tenho procurado falar de coisas que valem a pena, dos pensamentos que devem ser disseminados pelos quatro cantos. De forma natural, a leveza que brota no de-dentro toma o ar e se ramifica para fora do corpo, da mente, pra alcançar outros corpos e outras mentes. Confesso, estou abestalhado com isso, porque nunca fui dos mais otimistas, seguindo a linha cética e coerente de José Saramago, diria: "Não sou pessimista, o mundo que é péssimo." Sabendo de tanta guerra, discórdia, ganância, fome que assolam o planeta, pensar assim é, no mínimo, ser realista. E se deixarmos este âmbito globalizado e nos concentrarmos no nosso universo particular, pode ser que a coisa não melhore muito: dinheiro insuficiente, atenção, insuficiente, saúde insuficiente...tantas insuficiências que parece impossível vislumbrar um horizonte limpo e uma v