Postagens

Mostrando postagens de março, 2009

Ao mestre, com carinho

Certas coisas ocorrem e não estamos preparados para que ocorram, vagam dentro da cabeça tentando encontrar um lugar lá dentro para se acomodar, mas não se acomodam assim, de uma hora para outra, leva tempo até que os sentidos e os sentimentos se acostumem com a idéia. Se é que realmente se acostumam. Na difícil tarefa de nos comunicar melhor um com o outro, ele era mestre e nós, discípulos. Se havia rigidez no conteúdo é porque não estava para brincadeira e, seu amor pelo que fazia, dava o tom de seriedade no que ensinava. Eu não percebera essa devoção para conosco, como, muitas vezes, percebemos tardiamente o que estava diante de nós durante tanto tempo. Nosso convívio resumia-se há poucas horas semanais, mas eu sei, o que acontecia durante aquele tempo é algo para se carregar para sempre desde que aquelas horas fossem vividas de cor, de um coração para outros. Fomos alunos e ele o professor, mas em outros momentos também pudemos ser colegas e companheiros de profissão. Dimar de De

Réquiem para um amigo

Queria cantar alguma letra das tantas músicas que sabíamos de cor, fazer com que a melodia amenizasse o que passa aqui por dentro. Lembrar e cantar uma canção que um dia te fez sorrir ou outra que te fez pensar. Queria parar o mundo por um segundo e poder te parar também, queria que os anos voltassem e que os tempos pudessem ser outros, queria não fazer parte do que fiz, queria te xingar uma vez mais e receber um xingamento em troca como sinal claro e simples de uma grande amizade. Quantos dias que passamos perambulando pela vida buscando encontrar a verdade inexistente na adolescencia, os segredos velados, os desejos contidos,um mundo inteiro estava à nossa frente e não sabíamos por onde começar a viver, então, vivíamos. Que falta me fez você, mesmo quando ao meu lado, com seu olhar vidrado e distante, sonhando com uma Lua dourada, um astronauta sem nave, vagando pelo espaço. Tentei extender minha mão, mas ela era pouca para o que acontecia dentro de ti. Agora, longe, nem um aceno

Abandono

Não se preocupe se eu não olhar para trás quando me despedir, minhas partidas são prenuncios das chegadas, não importa quanto tempo fará, se continuar aqui, eu também estarei. Pode me faltar a palavra adequada para acalentar o choro da minha ausência mas não faltará a mão e o abraço mudo para aquecer o corpo cansado de esperar. Quando estou longe, não estou em lugar algum meu lugar pertencido é o seu lado, seus olhos. Vou porque preciso e você precisa ficar Se está aqui, na espera; estou lá, na espera. Minha partida, sua chegada, nossos encontros sem ritmo, sem compasso, sem roteiro. Improvisos soprados pelo coração é que nos mantém Vivos. Um no outro. Até quando? Amanhã saberemos, quando cruzarmos os olhos no primeiro raio da manhã.