O desmatamento e a coriza

Na minha terra tem palmeiras,
onde canta o sabiá,
de dia faz um calor danado e,
à noite, sabe-lá o que vai dar.


Cheguei à conclusão que o desmatamento é o ópio do clima terrestre. Porque cada vez mais devastado, cada vez mais pirado fica o clima, as estações, tudo que envolve a Natureza. Pobre Mãe-Natureza, está tão chapadona com a fumaça expelida pelas chaminés de fábricas, escapamentos de automóveis e afins que sequer consegue fazer suas tarefas mais básicas, como impor ao verão o calor e ao inverno o frio.
Aqui, na parte de baixo do Hemisfério é Primavera, mas, na prática, isso é mentira descarada. Primavera coisa alguma, a estação agora é mutante, de acordo com os caprichos das frentes frias, quentes, mornas... Não pode-se mais dizer que uma estação é uma estação, ela é todas, depende do dia. Hoje, por exemplo, não é Primavera e sim Primaverno porque tá um frio de lascar e a vontade de sair pra colher os recém- floridos botões dos jardins, onde fica? No mesmo lugar onde estão os recém-floridos botões dos jardins: escondidos debaixo de um cobertor bem quentinho, acompanhado por uma xícara de chocolate quente. Ontem foi diferente, foi um Primaverão, não preciso explicitar mais, creio eu.
Bom, agora está este alarde todo, esta comoção global em prol do meio ambiente porque começou a cair a ficha que do jeito que tá, essa bad trip da Mãe-Natureza pode não ter volta e piorar ainda mais. Aí sim, a velha ficará completamente esclerosada, trocará dia por noite, fará nevar no Saara e chover no Atacama.
Por enquanto, esse desmatamento está derretendo as calotas polares, causando inversões térmicas, tufões, furacões e outros ões que chegam acabam com tudo e se vão, como se nada tivesse acontecido. E há também a coriza. Sim, este líquido inodoro, incolor e chato que teima em cair gota a gota das fossas nasais, causando irritação e constrangimento para nós, humanos. Pois não há saúde que resista a tanta alteração de clima num mesmo dia, de uma hora para outra. O resfriado chega sem pedir licença e teima em ir embora, como aquele cunhado recém divorciado.
No meio do resfriado tem a coriza, tem a coriza no meio do resfriado. Sofremos nós, a viajandona da Mãe-Natureza e os piguins, que de uma hora para outra, terão que aprender a voar pois não haverá mais gelo em que possam andar.
Por isso, vou ingressar no Greenpeace, amanhã mesmo. Vou protestar contra tudo o que vai contra a Natureza,vou me acorrentar em árvores, vou sabotar navios pescadores de golfinhos. Tudo para que a Mãe- Natureza volte a ser saudável.
E para que meu nariz pare de escorrer.