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Mostrando postagens de maio, 2006

Desbloqueio

Acabou-se o mistério. Refiro-me ao post anterior, o tal "bloqueio" e a ansiedade sobre o concurso cultural do Estadão. O resultado saiu hoje: meu nome não estava na lista dos convocados. Não vou dizer que "tudo bem" porque não é isto o que sinto. Sinto sim aquela insegurança sobre o que faço. "Será que sou bom, que tenho talento. ALGUM talento ao menos?" Isso é coisa normal que se passa na cabeça de quem lida com algum tipo de arte, duvidar de si é por sempre à prova uma competência que depende de muito esforço, prática e dedicação. Então, falta dedicação? Talvez. Este momento é apenas uma onda que logo encontrará as areias da praia e retornará mansamente para as estranhas do mar, até que seja sua hora de voltar. Não é nenhum tsunami. Um momento necessário. Desagradável, mas necessário. Acho que este resultado veio num momento nada propício. Sabe quando vc está precisando de algum incentivo externo? Algo positivo de-fora pra fazer o negativo de-dentro evol

Bloqueio

Já ouvi dizer que não existe este papo de "bloqueio" para quem escreve, que, na verdade, escrever é um ato de dedicação e não de inspiração, que é através da prática que o texto, a idéia vem. Mas, quer saber? Não creio nisto. Não em tudo. Coisa frustrante para quem escreve é chegar na frente do computador, do caderno, da máquina de escrever, olhar o espaço em branco a ser preenchido e nenhum preenchimento surge. Rabiscar estórias sem nexo e apagar tudo de novo, fechar o word, arranhar a folha, arrancar o papel, amassa-lo e pô-lo no lixo. Ficam uns ecos na cabeça, frases soltas que parecem vir de um outro lugar que não a própria cabeça, como se numa última tentativa de escrever, a alternativa seja recorrer ao plágio. Mas pra serve o plágio se a graça de tudo é inventar? Desde o texto que escrevi para o concurso do Estadão que não consigo escrever mais nada. Uma tragédia. Tenho olhado o site do Estadão todos os dias para ver se o nome dos escolhidos saiu e até agora nada, um

O Poder Paralelo

Durante o último fim-de-semana, Bagdá foi aqui, em São Paulo. Exageros à parte, o que se presenciou nos últimos dias foram cenas lastimáveis que comprovam a falência múltiplas de órgãos de um corpo chamado Estado. Rebeliões nas cadeias, transtorno e pânico nas ruas. Autoridades escondidas em bunkers anti-terrorismo e os chefes das quadrilhas pedindo, opa, pedindo não, EXIGINDO pizza dentro da cadeia. Com direito a Marcola, chefe do PCC, trocar a pizza por x-picanha com fritas. Claro, porque pizza é pra quem mora e trabalha em Brasília. E o Marcola mora e trabalha em Presidente Venceslau. Uma vergonha! Surgem na mídia, então, os sociólogos, os promotores, os comandantes, etc, etc... uns explicam porque acontece; outros, o que deveria ser feito e, ainda, o incrédulo que diz: já não tem mais jeito. A classe política faz cabo-de-guerra (enquanto a guerra come solta nas ruas), o governo federal oferece ajuda, o governo do Estado diz que não precisa. Ninguém quer arredar pé em ano eleitoral.

O que você quer ser quando crescer?

Lembram das aulas do primário? Quando a "tia" perguntava assim pra turma: "O que vocês querem ser quando crescerem?" Pois é, naquele tempo era tão fácil responder: quero ser médico, quero ser jogador de futebol, quero ser astronauta (por enquanto, o Marcos foi o único brasileiro que conseguiu), quero ser bailarina, veterinária, etc, etc. Respondíamos francamente, com a convicção de que o simples desejo era a premissa para que aquilo se realizasse. Então, vêm os anos... Depois dos testes vocacionais e das pressões familiares, os sonhos (na maioria das vezes) são abandonados e de antigo jogador de futebol passa-se a ser um advogado, um engenheiro ou outra coisa assim. Mas se o seu sonho se perdeu, se a profissão selecionada pelos testes não vingou, se a profissão deixa de ter este significado e torna-se emprego, então, é hora de fazer um concurso público. O concurso público é visto hoje como uma tábua da salvação financeira: trabalhar numa coisa qualquer, ganhando u

Os bichos

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Os bichos estavam soltos. Numa manada iam tomando o espaço pelo qual passavam, grupos diversos num mesmo corpo, numa mesma manada. Desavisados, minha namorada e eu tomamos a rua no sentido contrário ao fluxo, eles vinham de todas as direções, rindo alto, intimidadores. Alguns mais selvagens incomodavam a quem passasse na rua e não fizesse parte deles. Cruzamos a rua e o mar de gente vinham também de lá. Paramos num ponto e pegamos um ônibus. Descendo em sua casa, continuava aquilo, como se a cidade tivesse sido tomada de outros seres. Não pelos indivíduos, mas pelo coletivo. Sei que nenhum, ou raros, daqueles fariam tais coisas se estivessem sós. Carros policias subiam e desciam a avenida, alguns imitiavam o som da sinal ao passar da viatura. Riam, sempre riam. Deixei minha namorada em seu prédio e ela disse para eu entrar no prédio e esperar que o movimento acalmasse, mas o macho-caçador negou aquela delicadeza e pensou: "Se quiserem tirar alguma coisa minha vão ter que suar.&quo