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Mostrando postagens de março, 2008

Um travesseiro na cabeça, uma cálculadora na mão.

Não é por desleixo que deixei de postar, escrever é o que me faz bem, compartilhar palavras tem um "quê" de respiração pra mim. Mas a correria do dia-a-dia tem me feito abandonar bons hábitos como o de escrever no blog. O tempo que passo em casa é o tempo em que durmo, acrescido de alguns minutos para tomar o café da manhã e o banho. Tenho vivido mais fora do que dentro. Ativo como nunca. Feliz. As novidades e o prazer de viver é que me permitem acordar todos os dias com disposição. Está certo, durante o dia o corpo pede um canto para se deitar, uma travesseiro para recostar a cabeça e as pálpebras deixam de lutar contra a gravidade e querem se fechar, ficarem fechadas, deixando as coisas acontecendo do lado de fora dos olhos. Ainda bem que venço a gravidade e continuo de olhos abertos, procurando atentar-me a tudo de novo que me cerca, procurando no acerto a motivação. E tudo fica mais leve e tranquilo quando se sabe que tudo aquilo é para um crescimento e que estão sendo

Rápido e rasteiro

Tal qual uma cobra em fuga, eu me esquivava, sorrateira e rapidamente, pelas sombras daquela noite de Lua minguante. Sentia meu peito arfar, inflando o tecido da camiseta manchada de algo vermelho: sangue ou vinho tinto. Não dei-me conta de cheirar a mancha e descobrir, o medo paralisa muitos sentidos, quando não os aguça. Olhava para trás buscando encontrar um vazio de noite, mas não era isso o que via. Os feixes de luz saindo das lanternas acesas vasculhavam canto a canto aquilo que poderia ser eu, o latido dos cães raivosos estupravam o silêncio, minha boca secava mais a cada passo. Pulei um muro de um jeito que sei que nunca mais faria, era o medo mais uma vez atuando em meu corpo. Caí num matagal, corri para o que eu supunha ser o meio do lugar, abaixei e esperei. Logo em seguinda vieram os latidos e as vozes dos homens dizendo que eu só podia ter pulado o muro e outro dizendo que não havia como eu ter pulado um muro tão alto num salto só. Havia um impasse e uma certeza: como eu

São as águas de março

"É pau, é pedra, é o fim do caminho...". Quando Tom Jobim escreveu essa música tenho certeza que ele não havia associado às enchentes que, posteriormente, assolariam a cidade de São Paulo a cada chuva mais forte. O transbordamento de córregos e a maré alta de lixo invadindo casas, destruindo presentes e desacreditando futuros. O pobre olha para cima num dia acinzentado e olha para baixo, para os poucos pertences que possui e quer acreditar que nada de ruim acontecerá ali, em seu pequeno espaço. Às vezes, não é o que acontece. Só que essa mesma pessoa não se lembra de olhar para os lados quando joga um lata de refrigerante janela afora do ônibus ou amassa e despreza um pedaço de papel qualquer. Nem ele e nem muitos milhões como ele. Que acontece então? Junte milhões de pequenos pedaços de papel escoando lentamente pelo bueiros da cidade, entupindo as bocas-de-lobo e toda a tubulação de esgoto da cidade... chegam as águas de Fevereiro , Abril , Julho , Dezembro ... cheg