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Mostrando postagens de dezembro, 2008

Memórias presentes

A chuva sempre nos faz relembrar coisas; a solidão e chuva. Não diferente, era um fim de tarde em que a chuva caía mansa, podia acompanhar alguns pingos virando a cabeça para cima, vendo-as cair, cair...passavam por mim para acabarem molhando o chão embaixo. Tudo fica meio lento e azul nessas horas, um fio de fumaça do cigarro que vai fazendo contornos em coisas invisíveis, seguindo um caminho torto até desaparecer por completo, deixando apenas o seu cheiro no ar. Gosto um pouco disso, da chuva e dessa solidão. Ficar quieto um pouco, a esposa levou as crianças para minha mãe e eu inventei uma dor de cabeça, ou dor no pé, não me lembro... para poder ficar assim um pouco, quieto e só. Não esperava por essa chuva, pois ela traz pensamento às vezes indevidos à mente de quem está só, mesmo que por pouco tempo. Rostos e fatos do passado que fazem um sorriso aparecer, ou um sentimento enrustido de vergonha se aflorar, quando isso acontece, sei que faço uma careta de quem não aprova a própr

A crise

Tudo o que se fala hoje é da crise. Fala-se tanto e com tanto temor que duvido que alguém já tenha tenha imaginado-a como um manto negro e espesso que vai cobrindo de escuridão o lugar por onde passa, como a poeira que subiu aos céus depois da queda do grande meteoro que acabou com quase tudo vivo na Terra, sim aquela que exterminou os dinossauros, mas foi incapaz de matar as baratas. Mas a crise não é nova, vem de tempos. Enfrentamos diariamente a crise, o défict, a retenção, e queda no poder aquisitivo. Talvez não percebamos desta forma, mas ela está aí há tempos! É a crise existencial. É o defict de sentimento, a queda no poder de adquirir mais humanidade no coração. Como uma avalanche, desenfreadamente vamos vivendo dia após dia como quem dá um passo após o outro, passos lentos, passos pesados, pernas pesadas, dias infinitos, noites em claro. Ligamos diariamente o computador pra falar com pessoas que não vemos há anos, evitamos o contato físico, evitamos a rua, a Sindrome do Pâ

A caixinha de Natal

Seria um bom título para um conto, talvez até o use um dia. Chegamos a mais uma reta final de mais um ano e não é surpresa pegar uma conversa alheia na rua com a frase: "nossa, o ano já acabou!" Esse clichê já superou o "Era uma vez..." faz tempo! Bom, o que importa é que junto à esta frase acima vem os enfeites natalinos, os Papais-Noéis nas portas das lojas, as guirlandas nas portas das casas e as caixinhas de Natal no balcão de qualquer comércio. Algumas são simples, uma caixa de sapatos velha, mal encapada com uma papel de presente bem fuleiro, outras são mais bonitas, o papel que a reveste brilha, pra chamar mais a atenção. A pessoa fica até constrangida de ver uma caixinha daquelas e não depositar ali o troco do pão. A verdade é que essas caixinhas de Natal estão me incomodando. Tá certo, o cara que tá lá fazendo o pão todos os dias, acordando às 3 da manhã pra ir pra padaria, a mocinha simpática no Caixada loja de sapatos, o porteiro que pede o RG de um