O Deficiente e o mercado de trabalho

O mercado de trabalho é alvo de inúmeros estudos e temática para muitas redações para quem está procurando emprego. Está quase sempre no centro das atenções, afinal, sem trabalho, sem dinheiro. Eu faço parte desse bolo, ingrediente fundamental para crescer as estatísticas. No momento, estou nas estatísticas dos empregados com carteira assinada. Amanhã, quem sabe?
Mas eu estava à parte desse mercado e do meu trabalho por motivos já ditos antes, agora deixo de mamar nas tetas gordas do tio Lula e volta à labuta, ganhar dinheiro suado. Quase tudo como era antes, quase.
Após o mundo dar tantas voltas e eu ir pro mundo dos mortos e voltar pro mundo dos vivos, estou oficialmente classificado pela junta médica que me avalia como um deficiente físico (assunto que já abordei antes também). Um deficiente que está doido pra mudar de emprego.
O deficiente, seja qual for sua deficiência, é um ente na sociedade que carece de algumas atenções para sua vida prosseguir como a de qualquer outro. Por exemplo: um cadeirante precisa que as calçadas por onde anda sejam decentes a ponto de não sofrer para transitar, rampas de acesso etc. A política voltada para nós evolui, assim como a conscientização da população precisa evoluir - num passo mais acelerado do que vê-se.
Uma das políticas que visa a inclusão social do deficiente é a Lei nº 8.213, a chamada Lei das Cotas. Nela, as empresas são obrigadas a contratar um determinado percentual de pessoas com deficiência, número que varia de acordo com o número de empregados da empresa. E, caso esse percentual não seja atingido, a empresa estará passível de multa. E não é leve.
Aí você pensa: grande coisa, isso é como uma lista paralela de desempregados.
Errado.
A obrigatoriedade da inclusão de deficientes causa correria por parte das empresas (principalmente das grandes) a fim de alocar profissionais com este perfil. O que ocorre, e que não é muito diferente do restante dos que procuram emprego, é que as empresas querem escolaridade e experiência e, infelizmente, a população deficiente carece tanto de uma como de outro. Carecem pois tiveram em suas vidas sempre obstáculos, tanto físicos quantos morais, que dificultaram ou impediram essas pessoas de terem uma vida social adequada.
Como se vê, é uma grande bola de neve que deve terminar. O deficiente não é anormal. Caetano, o Veloso já dissera: "De perto, ninguém é normal". Somos todos diferentes. É essa consciência que a população precisa ter, conviver todos em sociedade de maneira igual.
Aí, quem sabe, nem mais será preciso uma Lei para se garantir emprego para os deficientes.

Comentários

Oi Júlio. Realmente a questão dos deficientes no mercado de trabalho é bastante sensível. Leis que estabelecem cotas não resolvem de imediato e acabam criando mais confusão do que solução prática.

Falei um pouco sobre o tema em http://rodolfo.typepad.com/no_posso_evitar/2009/03/o-correto-e-o-possivel.html

Espero que goste! Atenciosamente,
Rodolfo.

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