Relembrança

Meus olhos estão distantes
e ainda assim só consigo enxergar você.
Você que me apareceu num dia comum, estes da semana, durante o trabalho. Sim, durante o trabalho que eu te vi: olhos e sorrisos. Desde então quis tê-la para mim, só para mim. Egoísta assim, te ter pra te cuidar, te beijar e tocar. Te ter para descobrir teus paraísos profanos, teus sussurros urbanos e segredos sagrados. Experimentar da tua saliva, dos teus fluídos.
Depois daquele dia comum, durante o trabalho, em que houve a sua aparição eu também quis ter um pouco de sagrado e de profano dentro de mim, no corpo e na alma. Novas sensações talhadas em mim, desejo de te falar, de te ouvir e de nos ver calados, sorriso tímido fotografado em nossos rostos.
E agora.
Agora divides comigo o brilho da estrela solitária que vive neste céu que colorimos com giz de cera. E digo-te agora:
Vem e divide comigo esta fruta suculenta
que começamos a morder.
Nunca nos saciando desta fome que
teima em nos devorar.
Deitados um no outro, olhando pela janela as gotas escorregadias, eu te rondando com os dedos nas brincadeiras, e tu me enchendo de tremores quentes percorrendo com a umidade de tua língua as devassidões do meu corpo.
Abraçados, nus, lindos. Pote de ouro no final do arco-íris. Nós: tesouros descobertos. Revelados um para o outro.

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