Destino: O que você quiser

 


Outro dia, estava conversando com um amigo por WhatsApp e no meio da conversa ele falou que uma das coisas que mais lhe pesava viver em quarentena era a falta de liberdade para poder viajar. Disse que viajar era para ele uma libertação da alma, uma forma de extrapolar o próprio corpo e enxergar além da matéria.

Uau! Eu respondi, ele que não é do tipo poético lançou um pensamento de efeito desses... me mostrou que viajar para ele era realmente algo muito poderoso! Fiquei sem responde-lo por um tempo. Pensei que viajar era realmente bom, mas, por circunstâncias diversas, eu não tinha tido a oportunidade de viajar tanto assim, logo, estava privado de viver uma experiência intensa como a dele.

Será?

Não precisei pensar muito.

Peguei o celular de novo e apertei o botão com o microfone para dizer:

Sabe que eu não estou sofrendo com isso? Nesses cinco ou seis meses eu fui para o Rio de Janeiro, passei um tempo em Botafogo e vi de perto como era viver em um Cortiço, cruzei por ruas ainda carentes de asfalto, mas vi um bairro e uma cidade em franco desenvolvimento. Fui para a Nigéria também, lá a natureza é diversa, mas Hibiscos Roxos não dão em qualquer esquina, de qualquer forma, pude visitar cidades do interior e me esbaldei um banquetes promovidos por gente rica e pudica, fui até acompanhar o séquito para o surgimento de uma imagem sagrada. Lá o céu pode ser mais azul que o daqui e a temporada de chuva faz florescer e destruir, como as pessoas.

Não posso esquecer que antes de pisar em continente africano, fui para a região central da Espanha. Cruzei extensos planaltos e descansei deitado sob a sombra de Pinus halepensis, sentindo uma brisa corrente me lavar o rosto com delicadeza. Desventuras seculares pude notar pelas construções ou ruínas ali instaladas. Certamente, a região servira de passagem ou moradia para valorosos cavaleiros em outros tempos. Notei uns moinhos de vento longe no horizonte, sem que se mexessem, como gigantes perecendo no tempo.

Depois da Nigéria, tive uma rica passagem pelo Mediterrâneo passeando por ilhas diversas como Creta. Lá o assunto era traição e cobiça - alías, por toda Grécia a fornicação rolava solta. Em Creta, um dos frutos de uma pulada de cerca, foi enclausurado numa prisão aberta cuja porta de saída era impossível de decifrar. Em Lesbos não pude ficar, pois as moças me espantaram como se eu fosse uma mosca querendo pousar na sopa delas. Confesso minha tristeza por isso. Sem contar Atenas, ali é lugar pra gente grande, precisa ter coragem pra lidar com o pessoal que circula por lá. Como disse, é um tal de toma lá dá cá, e a mão passando naquilo e aquilo passando na mão. Coisa doida. Rende muita história! Tanta história que gostavam de se aglomerar na praça pra discursar. E você pode me perguntar, usavam, pelo menos, máscaras? E eu te respondo que parecia com a periferia daqui. Deviam estar todos imunes.

Amigo, ainda bem que não preciso de passaporte nem passagens para poder viajar! Se quiser conhecer os meus destinos, aí embaixo estão os mapas.


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