Curiosidade: o alimento para a criatividade
Quem, ao menos uma vez na vida, não pensou que gostaria de ser mais criativo ou ser o mínimo que fosse? Eu me questionava sobre isso quase todos os dias porque a criatividade não é só para os artistas, como eu pensava. No mundo corporativo, a criatividade é uma habilidade cada vez mais exigida e cultuada, às vezes ela se camufla com outro nome: INOVAÇÃO. Então, se cada vez mais precisamos ser criativos, seja para querer uma promoção ou apenas desenhar, escrever ou fazer uma coreografia surpreendente, como colocar criatividade dentro da nossa cabeça?
Eu achava que criatividade era um dom, quem nasceu com ele, parabéns; quem não, que chore as pitangas. E pra mim, eu estava do lado chorador. Aí a gente vai vivendo, aprendendo e na jornada muita coisa chega para nos acalmar. Uma das maiores lições que aprendi, dita por uma das pessoas mais criativas que conheço foi: criatividade não é dom, é exercício. Eu olhei de canto e pigarreei quando ouvi, vindo de um cara com ideias geniais era o mesmo que um modelo de passarela dizer pra mim que beleza não era tão importante. Sim, você já tem, aí fica fácil. Mas meu amigo falou que não era, ou não se achava criativo. Ele disse que criatividade é como um bichinho que mora na cabeça de todo mundo, mas é um bichinho preguiçoso, você precisa dar atenção e alimento pra ele acordar pra vida. E uma das comidas favoritas desse bicho é a NOVIDADE.
Tudo que é novidade que entra no cérebro, esse bichinho vai e nhac, abocanha um pedaço sem cerimônia. E mais, é insaciável! Se você aparecer com quinze quilos de novidade, ele devora tudo num segundo e pede mais antes de arrotar. E uma das formas mais práticas de colocar novidade em nossas vidas é através da CURIOSIDADE.
Ser curioso é questionar e querer saber coisas que não precisaram ser sabidas, mas... por que não? Você já se perguntou como o Wi-Fi consegue transmitir internet sem cabo pro seu celular? Eu também não, mas hoje, com o Google por aí, fica fácil da gente matar um monte de curiosidade. E se isso é alimento pro bicho criativo, só no Google você tem um cardápio gigantesco, basta fazer seu pedido.
Mas não é só curiosidade sobre como as coisas são que contam, ser curioso sobre a vida das pessoas também...sabe quando você está numa fila ou no ponto de ônibus e sempre tem alguém que gosta de falar e puxar assunto? Eu era do time que quando tinha uma pessoa dessas por perto eu disfarçava, olhava compenetrado no celular ou colocava o fone de ouvido, mesmo sem ouvir nada, só pra ter a desculpa que estava ocupado. Hoje eu vejo que perdi algumas oportunidades de alimentar meu bichinho criativo. Lógico que nem toda conversa vai ser proveitosa, pode até ser bem chata e causar arrependimento, mas a gente só sabe tentando, não é? Eu também não fico puxando assunto, eu não gosto muito de falar por falar, então é algo ainda complexo pra mim, preciso me forçar mesmo pra ter uma postura mais aberta. No final das contas, geralmente vale a pena.
Não adianta também sair fazendo perguntas sem prestar atenção nas respostas, a gente tem que entrar na conversa com atenção, para compartilhar um momento genuíno com alguém, mesmo um estranho. Pode ser um pouco desgastante, depois fica melhor. Sabe por quê? Quanto mais praticamos algo, melhor ficamos naquilo.
Quando você ouve a história de uma senhora que teve que sair mais cedo do trabalho pra cuidar da neta porque a filha está com conjuntivite, seu cérebro abre uma portinha nova pra passar essa informação. Essa portinha nova pode levar seu pensamento e juntá-lo com um outro caminho que já estava lá. Traduzindo: para cada nova experiência, por menor que seja, que você tenha, o cérebro abre um novo caminho, cria uma nova conexão e um conhecimento que já estava lá dentro pode se juntar com outro e criar um terceiro. E esse terceiro pode ser a solução para um problema que você não estava conseguindo resolver. Você viu o que acabou de acontecer? Você foi criativo, criou um novo pensamento a partir de coisas que você já tinha. Tudo pode ter ouvido a história de uma senhora que nunca viu e poderá nunca mais ver. Essa capacidade cerebral chama-se NEUROPLASTICIDADE.
E sabe que outra forma você tem nas mãos para abrir novos caminhos? Isso mesmo, leitura! Os livros são fonte de novos conhecimentos e uma ótima maneira de você exercer sua curiosidade.
Eu li dois livros que caem como uma luva para esse tema, são livros rápidos de ler e muito divertidos.
O primeiro é Uma mente Curiosa, de Brian Grazer. Esse cara é um produtor famoso de filmes de Hollywood, o cara produziu filmes como O Código Da Vinci, Splash- Uma sereia em minha vida, Apollo 13 e ganhou Oscar com Uma mente brilhante. Brian diz que deve seu sucesso ao fato de ser um curioso de carteirinha, a história que ele conta de como entrou para o mundo de Hollywood é uma prova de como a curiosidade pode te levar para onde quiser. O mais interessante é que ele criou uma metodologia própria que chamou de conversas curiosas em que ele convidava diferentes pessoas para conversar e ele perguntava sobre a vida e pensamentos dessas pessoas. O cara teve essas conversas com mais de 500 pessoas e entre elas têm Barack Obama, Michael Jackson, Tom Hanks, a princesa Diana, Andy Warhol, Fidel Castro...a lista é longa e as histórias são muito divertidas.
O outro livro é E se?, de Randall Munroe. Esse cara é tipo um prodígio. Desses gênios que entram na faculdade com 13 anos, sabe? Ele trabalha na NASA e tem um site em que responde com embasamento totalmente científico as perguntas mais estranhas feitas pelas pessoas. Esse livro tem uma compilação de perguntas do site e outras. Uma das perguntas, por exemplo é: o que aconteceria se um rebatedor de beisebol acertasse uma bola lançada na velocidade da luz? Estranho né, mas as respostas são engraçadas e, muitas vezes, catastróficas. Vale a pena conferir.
Então, na próxima vez que você se questionar sobre sua capacidade criativa, é sinal de que seu bichinho está com fome e é sua OBRIGAÇÃO alimentá-lo!
Aqui embaixo tem link para os dois livros que mencionei, caso você fique com CURIOSIDADE.
Comentários