O cultural e a Bienal



Hoje fui à Bienal do Livro, em São Paulo, a minha primeira - uma vergonha pra quem gosta tanto de ler e escrever. E quase perco desta vez também, hoje foi o último dia. Estava ansioso para ir, imaginei que lá fosse a Meca dos devoradores de livros com muita informação, lançamentos, altos papos literários e, é claro, descontos.
Mas o que vi foi uma grande feira de livros acontecendo dentro de um pavilhão enorme, cheio de gente de todos os tipos e nada mais. Preços? Pagaria bem menos em qualquer livro indo até a praça João Mendes ou qualquer outro reduto de Sebos. Isso foi uma decepção pra mim. No auge da minha inocência, pensei que um evento como esses serviria para estimular a leitura e criar cada vez mais novos leitores em nossa cidade, em nosso país. E, num país como o nosso, este estímulo começa a partir da maior acessibilidade aos livros. Não adianta a criança ou o jovem ter um grande professor em sala de aula, com a capacidade de instigar nele o desejo pela leitura se na hora H, pimba, ele vê o preço do livro e desiste.
Pensar nas bibliotecas públicas é inviável. Não há incentivo algum para que o acervo delas seja reciclado, ampliado. Daqui a pouco elas vão fechar suas portas, lentamente, pela calada da noite e, quando menos se esperar, no lugar de uma biblioteca haverá um estacionamento ou um prédio comercial.
Não faço esse protesto mirando nas editoras, muito menos nos autores, esses pouco vêem de dinheiro em cima de cada exemplar seu vendido. Esses preços abusivos são reflexo de uma carga tributária pesada demais para o brasileiro carregar no lombo. E carrega. Impostos esses que deveriam servir para que o governo melhorasse o sistema educacional no país. Para quê? Para estimular um público leitor, formador de opinião, entre outras coisas.
Isso não acontece e, não acontecendo, ficamos girando dentro deste círculo. Quem quer ler não pode e quem não quer ler tem muita chance de continuar assim.
Espero, torço e até mesmo acredito numa mudança em relação a isso. Estou estudando e fazendo o meu pouco para que isso aconteça. Porque acredito, ainda, que uma pena é mais forte que uma espada e que mil palavras lidas valem muito mais que um milhão de imagens da televisão.

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