O Poder Paralelo

Durante o último fim-de-semana, Bagdá foi aqui, em São Paulo. Exageros à parte, o que se presenciou nos últimos dias foram cenas lastimáveis que comprovam a falência múltiplas de órgãos de um corpo chamado Estado.
Rebeliões nas cadeias, transtorno e pânico nas ruas. Autoridades escondidas em bunkers anti-terrorismo e os chefes das quadrilhas pedindo, opa, pedindo não, EXIGINDO pizza dentro da cadeia. Com direito a Marcola, chefe do PCC, trocar a pizza por x-picanha com fritas. Claro, porque pizza é pra quem mora e trabalha em Brasília. E o Marcola mora e trabalha em Presidente Venceslau. Uma vergonha!
Surgem na mídia, então, os sociólogos, os promotores, os comandantes, etc, etc... uns explicam porque acontece; outros, o que deveria ser feito e, ainda, o incrédulo que diz: já não tem mais jeito. A classe política faz cabo-de-guerra (enquanto a guerra come solta nas ruas), o governo federal oferece ajuda, o governo do Estado diz que não precisa. Ninguém quer arredar pé em ano eleitoral. PSDB e PT se esfrangalham na unha e o PCC vai formando um Partido político para ter seus braços ainda mais estendidos, para abraçar toda a sociedade...
Existe, realmente um poder paralelo, mas os acontecimentos do último fim-de-semana me fizeram crer que o paralelo não é bem o que se imaginava: um poder é centralizado, organizado e metódico. Seus "soldados" espalhados pelas ruas lutam por algo comum, se não for isso, lutam por alguém em comum e seguem um só. O Chefão. Do outro lado, as polícias (Cival, Militar, GCM) não se entendem, a voz de comando é dispersa, os policiais passam a agir pela sede de vingança e matam à esmo só para vingar o companheiro morto, tudo com muita complacência dos senhores governador, comandante da polícia, secretário de segurança pública.
O Marcola rindo à toa, vendo sua organização cada vez mais forte, ele come, bebe, dorme, tudo de graça. De graça, não, pagam os patos. Nós. Até que, num ato de extrema benevolência, ele diz: Tá bom, tá bom, vamos parar por agora, mas se vocês não se comportarem direito já sabem: ônibus incendiados, bases policiais alvejadas, terminais de transportes fechados, comércio fechado e um terror nas ruas tão grande que até os ratos não vão sair de seus bueiros.
E o Poder Paralelo vê tudo sentado em sua poltrona de mogno, escondido no Palácio de qualquer coisa.

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