Homens têm estria - o conto
Aproveitou aquela manhã de Sábado para continuar deitado e deixou os pensamentos fluirem cabeça, quarto e mundo afora. Pensava tantas coisas e ao mesmo tempo que parecia ter todos os pensamentos do mundo pra si. Alienado, os olhos vidrados no teto branco, a mão percorrendo, de forma boba, o corpo por baixo da roupa. "Poderia ser um outro corpo para essa mão acariciar", pensou. Coisa sem graça essa de ser do jeito que ele vinha sendo. Fez uma careta para essa constatação.
Suspirou forte três vezes, decidido a levantar. Um: os milhões de pensamentos, dois: a falta do que fazer fora daquela cama, três: só mais cinco minutos.
No tempo que passou, a mão tocou uma linha estranha perto da cintura, uma linha irregular. Esse foi o motivo para saltar da cama e analisar-se no espelho... viu umas linhas brancas sobre a pele branca, linhas que se pareciam com as linhas da mão, fios irregulares de rios visto de cima, bem longe. Coçou a cabeça. Não podia crer que ali, naquele pedaço de carne masculina havia crescido estrias.
"Não ...", negou a si próprio com a consternação de alguém traído. Era absurdo aquilo, homens não têm estrias. Estrias é coisa de mulher, é mais um motivo para reclamações femininas. Não era coisa de homem.
Queria não crer naquelas estrias, assim como queria crer que a Vida estava melhorando depois da última tempestade. Uma tempestade chamada Teresa.
Sim, Teresa sim é que reclamava das estrias que tinha, umas perto da bunda, e nos seios... coisa de quem engorda e emagrece, a pele não acompanha a loucura da cabeça. Pele não é sanfona. Mas nem incomodava a ele as estrias de Teresa, nem as celulites. Ele não conhecia corpo de mulher sem esses dois adereços, para ele era tão natural mulher ter estria e celulite quanto ter dois braços, unhas etc. Aberração era aquilo aparecer em homem!
Voltou o turbilhão de pensamentos enquanto ele preparava o café preto pra tomar comendo o pão amanhecido de anteontem, desde que Teresa deixou a casa ele não se preocupava mais em ter pão quente e fresco todos os dias, aliás, mal se lembrava de comer. Passava a semana inteira na rua, trabalhando, fazendo suas vendas, esquentando a cabeça com o trânsito para esfriar o sentimento por Teresa.
Teresa e suas estrias, as dele, não as dela. Coisas que rondaram sua cabeça por todo aquele dia, pensou em sair de casa pra ocupar-se com outra coisa, desistiu, se saísse da casa para isso seria apenas para fugir de algo que o acompanharia onde quer que fosse. Teve raiva, então. Dele, de Teresa, das estrias. Foi até a cozinha, pegou a maior faca que tinha, voltou ao espelho e abaixou as calças.
Sairiam na marra aqueles fiozinhos afeminados! Encostou a lâmina na pele, um frio maior que o da faca lhe fez estremecer, imaginou o sangue escorrendo pela pele enquanto arrancava filetes da própria pele. Teve nojo e jogou longe a faca.
Deixou-se cair no chão, vindo não sabia de onde, uma onda de lágrimas explodiu em seus olhos, as mãos enterradas no rosto, um soluçar tímido de criança surgiu junto ao choro, se ainda tivesse Teresa, se ainda tivesse aquela Vida que tanto reclamava, como seria bom, sim, seria ótimo. Era isso, apenas isso o que queria: tudo aquilo que desperdiçou.
Suspirou forte três vezes, decidido a levantar. Um: os milhões de pensamentos, dois: a falta do que fazer fora daquela cama, três: só mais cinco minutos.
No tempo que passou, a mão tocou uma linha estranha perto da cintura, uma linha irregular. Esse foi o motivo para saltar da cama e analisar-se no espelho... viu umas linhas brancas sobre a pele branca, linhas que se pareciam com as linhas da mão, fios irregulares de rios visto de cima, bem longe. Coçou a cabeça. Não podia crer que ali, naquele pedaço de carne masculina havia crescido estrias.
"Não ...", negou a si próprio com a consternação de alguém traído. Era absurdo aquilo, homens não têm estrias. Estrias é coisa de mulher, é mais um motivo para reclamações femininas. Não era coisa de homem.
Queria não crer naquelas estrias, assim como queria crer que a Vida estava melhorando depois da última tempestade. Uma tempestade chamada Teresa.
Sim, Teresa sim é que reclamava das estrias que tinha, umas perto da bunda, e nos seios... coisa de quem engorda e emagrece, a pele não acompanha a loucura da cabeça. Pele não é sanfona. Mas nem incomodava a ele as estrias de Teresa, nem as celulites. Ele não conhecia corpo de mulher sem esses dois adereços, para ele era tão natural mulher ter estria e celulite quanto ter dois braços, unhas etc. Aberração era aquilo aparecer em homem!
Voltou o turbilhão de pensamentos enquanto ele preparava o café preto pra tomar comendo o pão amanhecido de anteontem, desde que Teresa deixou a casa ele não se preocupava mais em ter pão quente e fresco todos os dias, aliás, mal se lembrava de comer. Passava a semana inteira na rua, trabalhando, fazendo suas vendas, esquentando a cabeça com o trânsito para esfriar o sentimento por Teresa.
Teresa e suas estrias, as dele, não as dela. Coisas que rondaram sua cabeça por todo aquele dia, pensou em sair de casa pra ocupar-se com outra coisa, desistiu, se saísse da casa para isso seria apenas para fugir de algo que o acompanharia onde quer que fosse. Teve raiva, então. Dele, de Teresa, das estrias. Foi até a cozinha, pegou a maior faca que tinha, voltou ao espelho e abaixou as calças.
Sairiam na marra aqueles fiozinhos afeminados! Encostou a lâmina na pele, um frio maior que o da faca lhe fez estremecer, imaginou o sangue escorrendo pela pele enquanto arrancava filetes da própria pele. Teve nojo e jogou longe a faca.
Deixou-se cair no chão, vindo não sabia de onde, uma onda de lágrimas explodiu em seus olhos, as mãos enterradas no rosto, um soluçar tímido de criança surgiu junto ao choro, se ainda tivesse Teresa, se ainda tivesse aquela Vida que tanto reclamava, como seria bom, sim, seria ótimo. Era isso, apenas isso o que queria: tudo aquilo que desperdiçou.
Comentários
Segue o link para vocês lerem.
Reportagem http://www.hiperfashion.com.br/home.cfm?pagina=noticia&id=1361&jn=1
Abraços, dra. kátia Ferreira
www.estheticenter.com.br