Homem de Ferro

Ele acorda com o sono ainda entranhado dentro de si, se pensar por um segundo a mais além da conta, desliga o despertador e volta a dormir. Mas ele não faz isso. Levanta-se e, feito máquina, salta da cama para tomar o café, o banho, o trabalho, o estudo. Seu dia começa cedo e termina tarde.
Dia-a-dia: acordar com o sono cada vez mais entranhado em si, a perseverança de continuar tem que ser cada vez maior. E é. Ele faz isso porque precisa e precisa porque quer outra coisa para sua vida, uma coisa melhor. Caso contrário, abandonaria os afazeres e tiraria um ou dois de dias para dormir o sono que se esvaiu nas noites de aula e nas manhãs de trabalho.
Um ou dois dias que ele não tem, nem um segundo a perder. Tudo é agitado, atribulado, eu sei, ele sabe. Cansa, sim, viver cansa. Mas é desse cansaço, desse suor que é feita a Vida, ele sabe, eu sei. Por isso, todos os dias, ele veste sua armadura dourado e vermelha e sai porta afora para salvar o mundo de uma imensa sujeira chamada preguiça, alienação. É muito provável que as pessoas que estão à sua volta não percebam essa sua batalha e, se percebessem, não dariam atenção alguma. Mas isso não lhe importa. A luta é sua, é íntima.
Assim, ele sabe que o único vencedor só poderá ser ele.

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