Ensaio sobre a perfeição

No último fim de semana aconteceram várias situações que me fizeram pensar. E o que pensei foi o seguinte:

Como já ouço há tanto tempo, ninguém é perfeito mesmo. Mas a perfeição existe. O que descobri é que por se tratar de algo sem necessidade de retoques, sem necessidade de ajustes, a perfeição só acontece quando há união de duas ou mais pessoas. Excluindo Deus, um ser único não é capaz de atingir a perfeição e isso acontece porque a perfeição exige uma doação que só parte de uma união de coração repletos de Amor determinados em buscar um objetivo único.
O objetivo pode ser qualquer um, desde a felicidade até a prosperidade. O que faz algo ser perfeito é o Amor que nele foi depositado. Deus é perfeito porque Ele é o Amor.
Esse Amor que digo é o sentido por um pai e uma mãe para com o filho, do irmão para outro, mas também é o Amor no sentido de doação de uma parte de você para outra pessoa, para um objetivo. Amar é acreditar em algo ou alguém e ir em busca daquele/ daquilo com a convicção que já é seu, mas sem nunca estar em seu poder. Perfeição é uma nobre forma de viver, difícil, pois nossos corações andam abarrotados de pequenas situações mundanas que impedem, às vezes, o vislubramento daquilo que é muito maior.
Por isso que corremos sempre grande risco de tropeçar nos próprios pés! Esquecemo-nos da dádiva que é o caminhar, o equilibrar-se para repararmos no cadarço desfiado, na sola um pouco gasta do sapato e então: a queda.
Estive em plena harmonia comigo e com a mulher que habita meu coração, foi um fim de semana perfeito. Pena que acabou, pensei. Agora repenso: Acabou se eu quiser que tenha acabado, o Amor continua, a perfeição também quer continuar. Não é uma situação ou um lugar que fará que tudo seja lindo, azul... não! A perfeição também espreita-nos às segundas-feiras chuvosas, às quartas-feiras abafadas de meio-dia. Na fila do banco, no coletivo apertado. A perfeição está sempre ali, pronta a aparecer. Nossos corações é que acabam por cala-la, apertá-la contra a parede, enjaulá-la e só a deixa sair quando surgir "o momento especial". Seja o fim de semana, seja o filme aguardado, seja o jantar romântico. E, enquanto esses momentos não vem, fica o acinzentado nos dias, nas noites e no coração.

Quando formos capazes de enxergar a perfeição bem à nossa frente e não apenas nas miragens futuras é que entenderemos o sentido de aproveitar o dia como se fosse o último.

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