Folha em branco

Ter uma folha em branco em frente aos olhos é como jogar-se num abismo que não se pode enxergar o fundo... talvez eu não devesse usar esta comparação para me expressar visto que nunca me atirei num abismo em que não pudesse ver o fundo.
Mas, independente disso, jogamo-nos todos os dias e todas as horas em abismos de fundo desconhecido. E, embora desconhecido, imaginamos sempre algo bom a nos aguardar no fim da jornada abismal. Como naquele filme: " O Segredo do Abismo", em que os cientistas acabam por descobrir uma nova civilização e todas aquelas cores e aqueles seres lânguidos, esguios e serenos, com andar suave. Queremos encontrar nos nossos pequenos abismos esses movimentos, esses sentimentos, um desprendimento daquilo que nos consome diariamente, queremos abafar a queimação da azia e sufocar o som da buzina dos carros desesperados. E somos também esses carros desesperados, nunca estive tão certo de que somos iguais uns aos outros, nas alegrias, nas tristezas, nas forças, nas fraquezas e, sobretudo, nos sonhos.
Porque esse abismo que temos pela frente são nossos sonhos não concretizados, vislumbramos cada um destes sonhos nas paredes do abismo por onde caímos e esperamos encontrá-los todos realizados lá embaixo, no fundo. Assim como queremos morrer e ir pro Céu, mas no caminho inverso e, neste caso, descer não soa como um mal caminho.
Então, não há porque temer a folha em branco à nossa frente, ela está ali como uma oportunidade e, aqueles que veem problemas onde há oportunidades, precisam urgentemente de ajuda.
Seja do Céu ou do fundo do abismo.

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