Réquiem mineiro


A estrada sólida, pálida, imutável e os carros que por ela transitam - frios - não podem enxergar que há muito mais do que o simples percurso que um é e que o outro faz. Entre o ponto de partida e o ponto de chegada há o destino repleto de adjetivos variados. Belo é um deles.
E essa beleza toda que é pintada diariamente em frente a nossas retinas não comove, fica cinza depois que cruza os nervos pétreos de quem pisa nos aceleradores dos carros frios que cruzam as estradas pálidas.
Talvez não tenha sido essa a vontade de Deus quando criou o Homem, mas o Homem recria a si próprio como um próprio Deus e essas criações não possuem responsáveis.
Talvez Deus tenha nos criado para contemplar o azul do céu e os raios alaranjados que por ele cruzam quando o Sol vai se pondo e sorrir francamente pela simplicidade das coisas e talvez tenhamos sido criados para saber que a simplicidade é bonita e que vale a pena acreditar no irmão e fazer com ele também se sinta melhor e mais feliz por estar simplesmente vivo.
Os planos de Deus talvez fossem muitos, ou não. Quiçá fosse apenas de criar-nos - olhos, ouvidos e tato - para contemplar a Natureza e achá-la bonita e que ela é a Vida e, por isso, a Vida também é bonita.
Mas ninguém sabe os planos de Deus e, por isso, a gente vive e cruza estradas e morre. Estúpida morte que nos ronda. Deveria ao menos nos avisar de quando vai levar consigo aqueles que são simples, sorriem pela Vida e ainda enxergam alguma cor no arco-íris.

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