O seu verde e eu

Tenho sonhos recorrentes e, deles, o que mais me lembro é você.
Queria dizer isso pra você, ao vivo, olhos nos olhos, embaixo de um teto, cercado de quatro paredes. Poderia ser até nas celas de uma prisão. Valeria a pena e a coragem desperdiçada, valeria tudo para dizer essa frase em seus olhos e gostaria em troca apenas de vê-los umidecendo, formando uma redoma transparente que embaçasse o verde de seus olhos, ficariam ainda mais brilhantes, radiariam, emanariam uma luz inexplicável. Esta luz atravessaria o ar para atingir em cheio meu peito e eu me sentiria livre.
Ficaria livre de todas as formas e todos os nomes que me prendem, me livraria deste corpo que me impede e dessa consciência que me suja com o suor do medo e a lama da fraqueza. Poderia assim, sem medo, tocar sua pele com as pontas dos dedos, seus dedos, seus braços, seu pescoço, seu rosto... poderia, enfim, encontrar-me dentro de você. Porque você é meu destino. E chegar até você é alcançar o meu motivo de comer, de beber e respirar.
E sei que a liberdade tem seu preço, sei o preço que teria que pagar para tê-la, mas não me assusto, nem receio. Vim aqui só para isso.
Então, quando vier, quando chegar o momento que tanto espero, deixarei que seus olhos me guiem para a sua direção e encantado eu vou, sem saber se piso os pés no chão ou se já estou em outro lugar, olhando pra um verde inenarrável, como se fosse um pedaço do gramado do Éden.

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