Halloween

Se seu semblante fosse sincero,
Não sentiria assim a sua sombra,
Um temor sinistro de peito aberto,
Feito bote incerto de uma cobra.

Se esse espelho fosse sincero
E refletisse apenas o que deve
Seria minha alma pura, tão pura
Alva como sonhos em neve.

Só que tudo se desfaz em desanimada alegoria,
O boêmio desencantado com o raiar do dia,
As esquinas poluídas, as meninas mal vestidas,
Nada sendo aquilo que se queria.

O falso poeta trova sua triste rima
Tentando alcançar no auge do desespero
O sonho perdido, o pensar traiçoeiro
Que o fez deixar esse espelho sincero
Um objeto envolto em penumbra.

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