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Mostrando postagens de junho, 2007

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Esta semana não há nada de profundo para eu compartilhar, nem sempre, também, é preciso dizer coisas bonitas, filosóficas e interessantes. É assim comigo,com você, com todo mundo. Quem nunca deixou, mesmo que por um minuto, a tv sintonizada num daqueles programas de fofoca? Tem coisa mais inútil do que ficar sabendo da vida de uma pessoa que não faz a menor diferença na sua vida? Mesmo assim, há aquele minutinho de atenção. E isto se dá porque precisamos disto, precisamos nos desligar um pouco do Jornal Nacional com seus tiroteios em morros cariocas, assaltos violentos em São Paulo, guerras ao redor do mundo. Viver 24 horas do dia sob a pressão de ter que fazer, ter que acontecer, ter que se preocupar, ter que isso e aquilo acaba com qualquer cidadão. Por isso, há de se ser um pouco fútil também, um pouco palhaço, um besta mesmo. Vá para frente do espelho e ria de você mesmo, deixe o problema de lado por um instante, ele não irá se perder (infelizmente). Outra forma ótima de se ser...

Havia um pássaro azul no fim do túnel

"O que acontece quando chega o fim?", ele pensava isso, assim como todos os que conhecia. Ele tinha certeza de que terminaria, mas como? Em sua (pouca) experiência de vida, ele havia vivenciado alguns fins e a sensação ele sabia bem: como se andar numa estrada que, de repente, acaba. Um desenho inacabado que numa hora tem cores, na outra é tudo branco. Um vácuo dentro dele que, sem ar, morria asfixiado. E ressuscitava, sempre ressuscistava. Depois, era recolher os cacos do que havia sobrado e começava novamente o trabalho artesanal de juntar peça por peça aquilo que seria ele novamente. Talvez fosse mesmo esta a finalidade das coisas: a necessidade de construções, destruições e recomeços. O problema é que ele já achava que havia tanto recomeço já guardado que, talvez, nunca tivesse avançado mesmo. "Uma hora isso acaba", ele pensava. Acabaria e seria o que então? O vácuo infinito... um eterno sufocamento? Pensar assim era duro demais para ele. Se um sofrimento perver...

Frases feitas, ações desfeitas.

O que ficou do passado não tem jeito, não tem volta. Acabei de olhar pro céu, e não achei nada lá que brilhasse mais que você, por isso, não quero as estrelas, quero sua constelação. Fico então mudo, nulo, disperso. Dormir sozinho é descansar, dormir junto é sonhar. Criarei novas línguas pra dizer a mesma coisa. Quando te vejo colocar brilho nos lábios, nada mais existe além de você, sua boca, desejo. Dançar no escuro é perigoso, e melhor do que nunca ter dançado. Depois que os dias passam, que as horas passam é que se percebe: o tempo passou. Deito em seu colo, peço perdão, sem esperar ser perdoado. Perder nem sempre é ser derrotado. Nem lágrimas e nem palavras, o que tenho é apenas um sorriso largo que ficou grudado em meu pensamento, como um dia bonito de primavera. Burocracia é dizer "te amo" como quem diz "bom dia". Quando pensar em chorar, cante uma canção. Buscar num par a perfeição é achar a solidão. Perder-se de amor é bom de nunca se ser encontrado.

Bárbara

Anteontem, enquanto caminhava até o banco para pagar uma conta, conheci Bárbara. Eu estava completamente absorvido em pensamentos quando ela apareceu, como se a tivessem posto ali, na minha frente, de propósito. Como se materializassem um pouco do que estava pensando, mas eu não estava pensando em Bárbara, nem sabia quem era ela. Mas fiquei feliz de a conhecer. Tem certas coisas que acontecem conosco e pensamos: "puxa, não acredito que eu só fiz isso agora, se soubesse como era bom, tinha feito antes...", às vezes, pensamos a mesma coisa quando conhecemos alguém: "não acredito que só te conheci agora...". Bom, eu sempre acho que tudo acontece na hora em que deve acontecer, se for pra acontecer. Quando acontece este tipo de coisa não acho que seja saudável pensar no tempo em que você poderia ter feito e não fez. O principal de tudo já aconteceu: a descoberta. O importante daí pra frente é usar o tempo futuro para aproveitar. Pensando assim que, desde anteontem, quand...

Quase-morte

Há um tempo atrás, meses, tive uma experiência que espero ser única. A quase-morte. Não sei se digo agora quase-morte ou não-morte, afinal, estou vivo. O "quase" se tornou mera conveniência. A verdade é que quando isto aconteceu eu não estava presente pra saber o quão ruim esta experiência é, fiquei de expectador da minha própria vida e minha vida estava inteiramente na mão de outras pessoas, como se estivesse num carro desgovernado, nada que se faça no volante mudará o trajeto que o carro desenhará. Nem dor senti, só depois. Antes de uma quase-morte, o que vivi pareceu a mim mais uma longa noite de sono que durou quase uma semana. Depois de acordado é que as coisas começaram a existir e tudo muito confuso, mas não estranho. Engraçado isso, ainda não sei expressar muito bem a coleção de sentimentos que tive quando acordei naquela UTI com uma perna engessada, a outra com uns pinos atravessando minha canela, sem poder mexê-las. Talvez demore anos de terapia para que eu possa...