Devaneios


Quando eu era criança, eu tinha preocupações que eu não sei se eram as mesmas das pessoas de minha idade. Eu me preocupava em saber se meu amigo já estaria em casa quando eu voltasse da escola para poder jogar futebol, também pensava em o que seria quando crescesse...e se eu era bom em alguma coisa para ter um emprego e dinheiro para pagar uma casa para morar; eu pensava que se não fosse bom em nada acabaria como um mendigo na rua pois, quando eu via um mendigo na rua era isso o que eu pensava: ele não sabe fazer nada muito bem para ter um emprego e, por isso, mora na rua.
E eu não queria que isso acontecesse. Acho que menos por ter que morar na rua, sem ter que comer e tomando chuva nos dias de chuva e tendo que fazer as necessidades onde desse ou por viver sempre sujo e com as mesmas roupas. Eu pensava em meus pais e na decepção que eles teriam comigo se fosse desse jeito.
Quando eu fiquei maior eu deixei de ter medo de virar mendigo, aprendi que a gente pode ter uma vida, uma casa pra morar e coisa pra comer trabalhando, mesmo que a gente não fosse muito bom naquilo. Existiam empregos por aí e, um dia, a gente acaba pegando um.
Passei a pensar se eu iria conhecer alguém pra passear junto, rir e beijar... meus amigos já faziam isso e eu sofria por continuar escondido na minha concha, sem descobrir as belezas que haviam no mar.
As coisas que passam pela cabeça da gente são incríveis! Só mesmo o tempo e as coisas acontecendo enquanto a gente vive para nos mostrar com o que devemos, ou não, nos importar.
Como as coisas da vida que passam e fazem-nos rever eu ver conceitos da Vida, achar soluções, problemas indecifráveis e descartáveis, dias de chuva e Sol ou Sol e frio, as coisas que faltam nos complementam e o que temos é pura dádiva. Ontem, quando criança, hoje e amanhã. Não dápra saber até que aconteça e esperamos que aconteça sempre o melhor porque achar que nascemos pra sofrer é pior que comer comida sem sentir seu gosto.
Bonito é saber que o que temos é fruto nosso, que custou o que custou para dar motivos para sorrir. Não digo de coisas, elas quebram, ficam velhas e obsoletas, pedem para ser trocadas por outras coisas.
Mas com a mesma sinceridade que tem a criança com medo de não decepcionar, eu sorrio para o amor que tenho e vive comigo e vive em mim. Por isso, não temo.

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