Ali, dobrando a esquina.
Quando chegar, que não me pegue desprevenido para que eu possa vestir uma roupa adequada e usar um perfume novo. Não pelo galanteio, só pela cerimônia . Não quero que pense de mim que deixo-me desleixado; sou assim apenas às terças-feiras, dia em que acordo muito cedo para fazer diversas atividades inúteis e mal tenho ânimo para pentear os cabelos. Que não me venha numa terça. Para causar melhor impressão, escovarei os dentes e a língua, passarei fio dental e chuparei uma bala de hortelã para deixar o hálito artificialmente refrescado. Unhas cortadas rentes à pele, o que sempre me causou aflição, mas por um bom motivo deixarei assim. Passarei graxa nos sapatos, deixando-os como no dia em que os comprei, naquela tarde acinzentada e triste, o dia chorava uma garoa fina e constante, o vento me assobiava aos ouvidos uma canção esquecida numa rádio de tempos atrás. Saí da loja, naquele dia, com a caixa de sapatos numa mão e o coração apertado na outra. Mas os dias foram se seguind...