Devaneio
O espaço parecia se apertar à medida em que os poucos metros avançavam no decorrer infinito do tempo, as faixas brancas sequenciais pintadas no preto do asfalto pareciam ziguezaguear diante de meus olhos, tive medo de estar delirando e sofrer uma síncope ou uma combustão espontânea. Um carro parado no meio da avenida não ajudaria em nada o transito que já se fizera caótico àquela altura. O cérebro se desligava por instantes e retomava sua atividade quando uma buzina aguda vinha de uma moto passageira, tiram a concentração e humor de qualquer. A qualquer hora. Todos os dias o radio noticiava um acidente: carro e moto, moto e moto, caminhão e carro, caminhão e moto. E eu nunca tinha visto nenhum acontecer ao vivo. Confesso que algumas vezes, ao ouvir aquela buzina estridente e um corpo passando zunindo ao meu lado, torcia para ouvir um barulho de freada brusca e o choque dos metais, fosse carro ou caminhão, ônibus, microônibus, lambreta, patins motorizado. Esse último não, deve ser fei...